A obra de Jorapimo confunde-se com a história da arte de Mato Grosso do Sul nas suas origens e desenvolvimento.
Dominando uma linguagem voltada para o modelo natural, de composição imaginária, ainda que assentada em rigorosa base geométrica, Jorapimo constrói uma obra simples, que atinge diretamente o espectador, na sua capacidade de transformar os signos comuns do entendimento em imagens inesperadas, singularizadas.
Desse modo, o artista dos seres do Pantanal reformula sua visão do universo limitado, revestindo-o de novas tonalidades.
O Casario do Porto de Corumbá pode ser visto em imagens contrapostas pela luminosidade intensa do sol ou pela ausência dessa mesma luz, a partir de diversos ângulos, renovando-as a cada representação.
Os pescadores, as lavadeiras e os vendedores de peixes confundem-se com a paisagem corumbaense, mas são isolados e redimensionados tecnicamente pela moldura que lhes é dada por Jorapimo.
O artista revela por esses meios o resultado de um olhar sobre a natureza, baseado no saber, na relação do artista com o entorno natural, na liberdade, indispensáveis ao seu processo de criação. O aprimoramento técnico de seus trabalhos resultou em uma linguagem madura, fortemente individualizada e reconhecível.
A apreensão da realidade centrada nos casarios, na flora e fauna pantaneiras, no homem da região e seu dia-a-dia, alteram-se pela sensibilidade do artista, rompendo limites geográficos, projetando-se em espaços abertos, como fragmentos de um universo em construção.
Jorapimo faleceu em Campo Grande em 22 de novembro de 2009.
FONTE: Idara Duncan Rodrigues, Maria Adélia Menegazzo e Maria da Glória Sá Rosa,
Memória da Arte em MS, UFMS/CECITEC, Campo Grande, 1992, página 266.
FOTO: reprodução.
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